quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Consicência de Alaya

[ Consciência de Alaya ]
por Tokuda Igarashi.

O que é a consciência de Alaya?
Quando nasce uma criança, ele já possui a consciência de Alaya. É dito que um ser humano tem a experiência de milhares de anos nesta consciência. Que tipos de experiências ou de emoções temos nós? Nós ignoramos tudo isso mas, de repente, quando se reúnem suficientes condições externas, isso toma forma de cólera, de ciúme etc, segundo o tipo de experiência de cada um e o tipo de encontro com os eventos externos.

Chama-se isso de consciência kármica ou consciência condicionada. Este “kármica” não é o que geralmente associamos com destino, é mais uma “visão limitada”, limitada pelas experiências do passado. Se se tratasse de destino, não se poderia escapar disto. Ora, é possível, pois esta experiência enquanto está no subconsciente é neutra. Ela não é nem boa, nem ruim. Isso é a saúde.

Por exemplo, quando se recebe uma crítica, normalmente se reage a isto ficando encolerizado, brigando e cortando relações com a pessoa que nos critica. Mas, com o treinamento e a prática, se esta pessoa que critica tem razões e se pudermos aceitar isso, isso produz méritos. É hishiryo, fushiryo. Neste momento o que se passa? No momento em que aquela pessoa critica deliberadamente, como um diabo ou um demônio, se pudermos receber esta crítica, esta pessoa se transforma, não é mais o demônio, mas algo como um bodhisattva.

Existe uma expressão Zen que diz: “O Buda aparece sob a máscara de um diabo”, e no começo do Zanmai o Zanmai, está escrito: “Ultrapassar, transcender, caminhar sobre as cabeças dos demônios, isso é o Grande Samadhi”.

Ultrapassar Buda, também é o Grande Samadhi. Não existe nem o Buda, nem o diabo, são efeitos de nossa consciência. Como transformar o subconsciente em sabedoria? De um lado, como o dito do Yogashara, pela prática do zazen, entrando no domínio do subconsciente e de um outro lado, estudando o dharma. Estudar o dharma permite compreender muitas coisas, mas é ainda consciência. Assim, essa consciência é boa, porque antes do acontecimento que precede a cólera, porque estudamos o dharma, esperamos, refletimos, analisamos tal crítica. Então, tudo bem. Isso permite que seguremos a cólera separadamente e que a transformemos em algo de positivo que entra no subconsciente.

Também, atenção especialmente à bondade, porque resulta em uma boa experiência que impregna o subconsciente. Quando esta experiência penetra no subconsciente, se fala em algo como uma semente. Existem sementes de boas experiências e sementes de más experiências, mas quando estas sementes entram na consciência Alaya, elas são neutras, isso é a saúde. Quando essa semente encontra condições externas, ela começa a se abrir. No começo, sua reação ainda está guiada através de uma consciência egocêntrica. Quer dizer, isso é “bom para mim ou não?”

Mas pelo zazen não existe mais dualidade e essa oposição “você-eu, eu-você”, diminuem porque sabemos que as raízes de eu e você são idênticas. E quando começamos a compreendê-lo de forma teórica, se produz em seguida uma experiência positiva. Quando você aceita, isso se torna uma boa experiência, uma boa semente. A consciência e o subconsciente alaya começam a mudar a partir do interior, e quando o interior muda, tudo se transforma, de forma que se você constatar que lhe parece negativo, isso não mais lhe afeta, você o considera como bom e normal.

Quando a mudança se produz, se diz que o inconsciente alaya muda e se torna adana, pura consciência. É o primeiro estado do bodhisattva.

Diz-se que, ao praticar o zazen, quando surgir uma idéia ruim ou estúpida, coloque ali uma pedra preta e quando for uma boa idéia, coloque uma pedra branca. No começo, naturalmente, fica tudo essencialmente preto, em seguida pouco a pouco, começa a aparecer o branco e neste momento, o interior começa a mudar, o exterior também começa a mudar.

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